O lugar e o papel da crítica social no “programa de investigação” sobre movimentos sociais
É o título do artigo de Elísio Macamo, no livro “Agora eles têm medo de nós: uma colectânea de textos sobre as revoltas populares em Moçambique (2008–2012)”, publicado pelo Instituto de Estudos Sociais e Económicos em 2017, no qual discute a noção de movimentos sociais (MS), questionando em que medida as emoções que ocorrerem no contexto das relações sociais podem ser aplicadas de forma útil para se compreender o funcionamento da sociedade.
Para Macamo, embora a noção de MS ofereça informações valiosas sobre como e por que razão os indivíduos se organizam para formular demandas, não parece ser adequada para analisar a contestação em África, por um lado. Por outro lado, o autor sugere que a incapacidade aparentemente evidenciada pela noção de MS para explicar os processos políticos locais pode ser corrigida se a contestação for articulada com a crítica social.
Assim, o caso de Moçambique, segundo Macamo, pode ser usado para chamar a atenção para a necessidade de definir a política e o contexto dentro do qual a contestação se torna possível antes de tirar conclusões sobre o significado geral da contestação.